sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Hoje

Mudei tanto desde a última postagem...
Mas esse "eu" da última postagem também já havia mudado tanto em relação ao "eu" da primeira.
E o blog permanece.
Por enquanto é reflexo de meu passado.
Talvez venha a refletir meu futuro em postagens ainda não feitas...
E pensar que FHC ainda era presidente do Brasil na primeira postagem desse blog...
Agora faço a mais recente postagem em pleno processo golpista de impeachment da presidenta Dilma.
Apesar de tudo, estou feliz pelas mudanças que passei.
Sou professor de Filosofia do Ensino Médio e faço mestrado em Filosofia.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

NOVO BLOG

Não que o Oráculo vá morrer, não é isso, ele só precisa de solitude. Mas enquanto o Oráculo de Delfos está em ostracismo, sua sequência lógica é o novo blog DEPOIS DA VERDADE:

http://depoisverdade.blogspot.com.br/

segunda-feira, 29 de julho de 2013

"Ninguém valoriza o tempo, faz-se uso dele muito largamente como se fosse gratuito. Porém, quando doentes, se estão próximos da morte, jogam-se aos pés dos médicos" -Sêneca, Sobre a Brevidade da Vida

Há tantas coisas que gostaríamos de fazer, sonhos que gostaríamos de realizar, mas perdemos tanto tempo procrastinando durante a vida. Estar próximo a morte e suplicar aos médicos por mais horas de vida é o mesmo que admitir não ter aproveitado corretamente as horas que dispôs ao longo da vida?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O paradoxo do amor


“É com o andar da carroça que as melancias vão se ajeitando”

            É possível sustentar uma visão perspectivista do conhecimento das ciências naturais. Existe um mundo de fato, com vários humanos e matéria em reação; cada paradigma sob o qual se dá o trabalho da ciência normal é uma das formas com a qual se tenta interpretar e descrever este mundo.
            Mas é possível sustentar uma visão perspectivista para os valores humanos? Bom, Belo e Justo são conceitos orientadores de nosso agir, mas cada um de nós é dotado de uma interpretação do que há de Bom, Belo e Justo na natureza?
            Aqui, em coerência com a opinião sobre o perspectivismo em relação ao conhecimento das ciências naturais, acredito ser possível sustentar uma opinião relativista do conhecimento dos valores morais.
            A interpretação e descrição dos fenômenos abordados pela Física pode ser avaliada empiricamente. Embora possa haver diferentes modos de interpretar os fenômenos depois da constatação empírica, ela é um juiz incontestável para descartar teorias que não condizem com a verdade da experiência humana –de modo que, caso alguém escreva uma teoria explicando porque as bolas de boliche levantam voo nas terças-feiras, e nunca uma bola de boliche levantar voo em uma terça feira, certamente a experiência empírica será um critério indubitável para descartar esta teoria.
            Isso funciona para o conhecimento dos fenômenos físicos porque as conclusões da ciência física emergem de premissas que estão “no mundo”, o sentido semântico dos conceitos utilizados nas teorias estão na experiência do externo aos nossos sentidos.
            Nós vemos cachorros, gatos, humanos, muros; podemos tocar neles, cheirá-los, lambê-los e também ouvimos o som que eles emitem. A interpretação da relação de nexo causal entre os objetos de uma ontologia assumida para classificar a experiência é o produto da atividade cientifica.
            Já os conceitos que usamos para denominar nossos sentimentos, como: Vontade, Amor, Ódio e Raiva, são frutos de uma experiência interna. Você jamais verá o Amor no mundo, é possível que veja o objeto ao qual direciona e imprime o seu amor no mundo, mas nunca o Amor. Se visse o Amor no mundo, você saberia dizer qual é a forma, a extensão e a cor do Amor e todos poderiam concordar ou discordar.
            Além dos sentimentos, o mesmo se estende para os juízos de valor. Talvez haja uma ligação entre os sentimentos e os juízos de valor, mas, para esta analise, o importante é que ninguém jamais viu o Bem andando de mãos dados com o Belo, enquanto o Justo discutia com o Mal.
            Venho tratando o conhecimento das ciências da natureza sob uma ótica perspectivista porque, com a exceção de certos solipsistas ingênuos ou dos mais geniais filósofos em suas meditações mais profundas, ninguém ousará negar que existe um mundo e de que é dele que se trata as interpretações das teorias das ciências naturais –embora ainda haja muita discordância quanto ao caráter de verdade dessas teorias.
            Já o conhecimento dos juízos de valor pode ser tratado sob outra ótica, já que suas premissas advém da experiência interna ao sujeito. Isso quer dizer que os juízos de valor, embora tenham o caráter de realidade que só a experiência pode de fato conceber às nossas opiniões, podem suportar qualquer tese absurda (como uma versão da bola de boliche voadora: é bom para todos ser assassinado por um serial killer nas noites de terça –neste caso de crença, um serial killer que pratica masoquismo, ao ver as expressões de dor e sofrimento nos rostos de suas vítimas nas terças à noite, interpreta nestas expressões o mesmo prazer que ele próprio sente em suas seções de masoquismo; além disso, ele também acredita que o prazer real do homem seja sentir dor física e que todas as pessoas do mundo sentem prazer com a dor, porém só suas facadas nas noites de terça é que pode despertar a apreciação deste prazer na alma delas. Óbvio que é uma tese absurda, mas para o caso deste serial killer, ela é de fato real para ele e é impossível que qualquer argumento racional o persuada do contrário).
            Esta ótica assume uma visão relativística dos juízos de valor: Você tem a experiência de conceber os conceitos de bondade, justiça e beleza (entre tantos outros) em sua consciência, e mesmo que você não se questione quanto a isso, assume uma posição quanto ao significado desses valores todas as vezes que usa essas palavras; mas você, ao imprimir esses conceitos morais nos dados que recebe de sentidos, faz com que eles sejam reais para sua experiência dos próprios sentidos.
            Se isso for verdadeiro, explica que, mesmo quando estamos convictos da verdade de nosso conhecimento na discussão de um relacionamento afetivo, é impossível provar para o outro –porque o outro também está convicto da verdade. E a verdade de cada membro do casal é real em suas interpretações daquilo que recebem de seus sentidos. Quantos casos de namoros antigos que acabaram em brigas nas quais cada um julgavam-se tão cheio de razão quanto o outro você conhece?
            O grande problema desta visão relativística dos valores morais é o fato de que, no exemplo de um casal de namorados, um dos membros utilize não apenas as palavras “certo” e “amor”em seu discurso, mas também os conceitos de Certo e Amor enquanto orientadores de seu agir, de forma distinta da qual o outro membro se apropria destes mesmos conceitos. Com isso os membros do casal podem assumir o mesmo compromisso ao aceitar a relação, mas possuir diferentes exigências para a aplicação deste compromisso. Podem encontrar provas de amor em atos que não tiveram aquela intenção. Podem brigar mesmo quando defendem a mesma coisa... E podem achar que se odeiam, mesmo quando se amam.
            Aceitar o perspectivismo do conhecimento cientifico não traz absolutamente nenhum problema para a prática cientifica, a ciência normal continua resolvendo quebra-cabeças. Já o relativismo epistêmico dos valores morais não traz nada. Quem assume esta posição continua imprimindo esses conceitos orientadores na experiência de seu agir e mesmo cético quanto a todos eles, sua própria posição cética já é assumir uma posição quanto à qual é a melhor teoria. Escolher a melhor é quantificar a Bondade e escolher a Bondade mais boa. Neste sentido este relativismo necessariamente não conduz ninguém ao niilismo, já que o próprio niilismo é interpretado por ele como uma forma de conceituar o Bom, o Belo e o Justo no agir prático.
            Esses conceitos orientadores do agir são necessariamente incomensuráveis, o fato de se concordar ou não em relação a eles pode ser comprovado apenas pragmaticamente. Uma pessoa pode apontar para um objeto físico e dizer “Este objeto é um Armário” e a outra pode concordar ou não com esta forma de uso do conceito. Mas ao contrário de Armário, o máximo que alguém pode fazer quanto a conceitos como o Amor é apontar para dentro de si e dizer “Isto que há aqui dentro de mim é o Amor”. Que conhecimento da forma com a qual uma pessoa se apropria de um conceito você pode ter, quando este conceito remete a algo mais que invisível, algo que só existe dentro da mente da própria pessoa?
            Os paradoxos que conceitos como o Amor geram no inicio de um namoro só podem ser respondidos pragmaticamente, na medida em que as pessoas se conhecem. Com a vivência de casal este paradoxo vai se resolvendo, mesmo que o relacionamento dure até a morte o paradoxo não será totalmente resolvido, pois a própria forma de usar um conceito passa por mutações que impossibilitam a estabilidade deste conhecimento (essas mutações são bastante evidentes na mudança que ocorre entre os períodos que chamamos de adolescência e vida adulta). E mesmo que o relacionamento acabe devido a divergências no conceito de Amor, o término do relacionamento não prova que uma das pessoas entendeu o uso do conceito de amor da outra e não concordou com ele, prova apenas que, no mínimo uma das partes entendeu a impossibilidade de entender o conceito de amor da outra. Lembrando que este conhecimento da forma de uso do conceito de amor é de ordem totalmente pragmática, pois é inefável, os membros de um antigo casal provam que possuem esse conhecimento pelo valor pragmático de se conseguir viver compartilhando estes conceitos.
            Se só podemos embasar os nossos juízos de valor em si mesmos, mesmo assim devemos lutar por eles? Sem dúvida o mais ético que alguém pode ser para consigo mesmo é não agir segundo conceitos sendo apropriados de maneira que discorde. Talvez desobediência civil seja o apogeu desta forma de conhecimento.


John Lindemann

sábado, 12 de maio de 2012

O que eu acredito


-Creio que posso realmente provar o mundo através de meus sentidos e creio que todo ser vivo dotado de senciência pode fazer o mesmo.
            -Provando ao mundo eu provo a mim mesmo e minha relação com o mundo faz com que eu enxergue nele inúmeros determinantes para o meu agir ao mesmo tempo em que este agir passa a determinar o mundo.
            -Chamarei o agir humano enquanto determinante do e no mundo de liberdade  –valorizando a aplicação pragmática deste conceito. Um exemplo destas relações de determinação ocorreu-me no dia em que ganhei um campeonato de xadrez, o aplicar do xeque-mate foi determinante para o estádio subsequente do mundo físico no qual recebi uma medalha assim como este xeque-mate teve como determinante o exercício de minha liberdade ao ter escolhido aprender xadrez ao invés de jogar futebol. Existem outros determinantes que não envolvem o exercício de minha liberdade, mas sim da liberdade daqueles de minha espécie que me antecederam ou vivem junto a mim, como a liberdade de meu avô em ter comprado um tabuleiro de xadrez e a liberdade de meu pai em conserva-lo para que eu pudesse usa-lo.
            -Mesmo que estejamos sendo enganados por um gênio maligno ou sejamos apenas cérebros conectados a eletrodos, a relação de nexo causal entre o exercício de liberdade de diferentes pessoas continua tendo como efeito o estádio do mundo no qual ganhei uma medalha, indiferente de qual mundo possível nós acreditamos, seja aquele no qual tudo o que se passa em nossa mente é ilusão da vontade de um gênio maligno ou, entre tantos outros, aquele que o senso comum chama simplesmente de “mundo real”.
            -Assim como fica claro o quanto o meu agir livre, assim como o de outras pessoas, foi determinante para o último estádio do mundo físico do exemplo, um estádio anterior do mundo físico é sempre necessário para qualquer exercício de liberdade. Disso se segue que a existência de um mundo físico é sempre pressuposto necessário para qualquer uma de nossas ações e mesmo que o próximo estádio de existência do mundo físico, aquele que por hora chamamos de futuro e em breve chamaremos de presente, seja necessariamente determinado pelo exercício de nossa liberdade (acreditando que nenhum meteoro ou desastre natural possa nos afligir causando a extinção instantânea da humanidade), é porque nós já existimos no mundo, a existência de nossas liberdades não é pressuposto para a simples existência do mundo físico, apenas o contrário se segue.
            -Com o fim de exemplificar minha interpretação, apropriar-me-ei de um esquema conceitual metafisico que classifica o mundo físico em diferentes esferas ontológicas: Os objetos que são determinados por aquilo que venho chamando de liberdade, como o lixo, a poluição, a destruição de ecossistemas e a exploração do trabalho podem ser classificados em uma esfera que chamaremos de social ou humana. Os objetos da esfera social pertencem necessariamente a uma esfera maior que chamarei de natural ou física e se o que esta contido na esfera social tem como pré-requisito ter sido determinado pela liberdade humana, o que está contido na esfera natural tem como pré-requisito ter sido determinado pelas “leis da natureza” –cujas tentativas de conhecimento são os paradigmas sobre os quais se dá o exercício da ciência normal e embora nenhum deles tenha e provavelmente jamais venha a ter caráter de verdade absoluta, ainda assim nos permitem uma grande evolução na capacidade de manipular a natureza em nosso exercício de liberdade.
            -Por meio desta classificação percebemos que, se a esfera social encontra-se contida dentro da esfera natural, a nossa própria liberdade é determinada pelas leis da natureza assim como o exercício de nossa liberdade também determina o futuro de uma parte da natureza. Em outras palavras: Nossa liberdade é a capacidade da natureza de modificar a si mesma.
            -Eis um pequeno sistema metafísico com referencia ao Cogito cartesiano, ao empirismo, ao pragmatismo e a ontologia luckaciana¹. Qualquer enunciado cotidiano acerca da natureza última do mundo já contém em si um posicionamento metafisico, mas nossa existência não se dá em um plano metafísico, tanto menos a existência física de nosso discurso (o som das palavras ou as letras desta frase). Embora nosso discurso possa referir-se a metafisica, será sempre uma interpretação metafisica e nunca dotado de uma correspondência a qualquer verdade metafisica objetiva –se é que possa existir uma, seu alcance nos seria totalmente impossível.
            -Prova disso é que poderia reconstruir este pequeno sistema metafísico negando o conceito de, por exemplo, liberdade. Continuaria sendo um sistema metafísico, continuaria tratando do mesmo assunto e, se formulado de maneira coerente, continuaria tendo o mesmo caráter de verdade, mesmo negando posições de outro sistema que possui o mesmo caráter de verdade.
            -Em menos de duas páginas coloco parte fundamental de minhas posições filosóficas em meados do primeiro semestre de 2012.




¹LUCKÁCS, G. Prolegômenos para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo, 2010.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Descartes e a Maconha

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